Conheça "Essa Mundana Gente", obra de Ana Daviana que é uma imperdível dica de leitura da escritora Cibele Laurentino
Cibele Laurentino nasceu em Campina Grande, Paraiba, mas reside em Conde, no mesmo estado, ativista cultural. Formada em Gestão em Turismo, atua na área e se dedica à literatura: Bacharel em Letras estuda escrita criativa, curadora do prêmio book brasil 2021 e 2022, presta serviços literários para autores, é autora do livro de poesias, Cactus, em português e espanhol, de Nobelina, romance que se destaca por sua proposta regionalista premiado em 2021 pelo Edital Maria Pimentel na PB, Todas em mim - livro de contos, lançado em 2022, sendo traduzido e comercializado em espanhol no ano de 2023 pelo grupo editorial Caravana. Ainda em 2022 lançou o romance Eu, Inútil, vencedor como melhor obra de ficção em Portugal no prêmio Ases da literatura. Membro da UBE - PB, membro da ALC - Academia de Letras de Campina Grande - PB, idealizadora e curadora do Clube de Leituras - Nordestinas, e ainda atua na divulgação de obras e autores contemporâneos.
Na obra de estreia "Essa Mundana Gente", Ana Daviana nos leva a conhecer a fictícia Jatobá, uma cidade onde a linha entre vida e morte é permeável, nos mostrando a essência de um povo simples e que vive suas tradições e memórias. Através de contos que nos mostra as curiosidades dos costumes interioranos nordestinos, tecendo uma obra com identidades que se entrelaçam com as narrativas da oralidade.
Pensar na morte e vida é um tema evidente, apresentado com simbologia, mas profundamente literal. Daviana capta os diferentes lados do “ser humano “, onde as estórias, os causos, as lendas que vem de geração em geração, se tornam instrumentos de resistência cultural. Essa transição da oralidade para a literatura é fielmente cumprida, nos mostrando à importância de se registrar e perpetuar as histórias de um povo.
Os habitantes residentes de Jatobá são extremamente bem construídos e transcende estereótipos. Cada um, com características de suas vivências, medos e alegrias, permitindo ao leitor uma conexão intima com suas realidades. A linguagem uti rica em regionalismos, o que nos mostra uma identidade autêntica e uma sonoridade própria aos contos, nos mostrando o cuidado da autora em capturar a musicalidade da fala nordestina. O que me remeteu nitidamente a literatura de cordel.
"Essa Mundana Gente" é, acima de tudo, uma celebração da cultura nordestina e da força da memória coletiva. Ana Daviana nos leva a sentar na cadeira de balanço da vovó, na calçada da cidade silenciosa do interior do Nordeste, ouvir, sentir e refletir sobre a vivência de um povo que, apesar das inúmeras diferenças, continua a fazer e contar histórias com otimismo, e criatividade. Essa Mundana Gente nos mostra que a literatura pode, e deve, ser também um meio de preservar a identidade cultural e as vozes que, permanecem à margem.
SINOPSE:
Na fictícia Jatobá, cidade-palco da obra "Essa mundana gente", de Ana Daviana, o singelo e necessário equilíbrio entre morte e vida aparece de forma literal ou simbólica, se espalhando pelos contos com costumes interioranos nordestinos, códigos identitários. Das histórias contadas de uma geração a outra, ouvidas ou mesmo vividas, a autora elaborou os ambientes, os personagens e as narrativas que, agora, constituem este livro de estreia. Um livro dedicado a causos, perpetuando na literatura o mantido na oralidade de um povo inventivo e cheio de memória.